Colaboração de Alberto Gino














Alberto Gino compôs 2 músicas que falam de Paquetá

Pura poesia.....




PAQUETÁ SAGRADO CHÃO



Sagrado chão que Deus um dia

Em sua infinita sabedoria

A todos nós presenteou

E num simples toque de magia

Bem no fundo da mais bela baía

Caprichosamente Ele plantou

Deus que fez rios, mares e oceanos

Também tinha incluído em seus planos

Um jardim de aconchego e de paz

Num momento feliz e inspirado

Com São Roque sentado a seu lado

Essa ilha de Paquetá Ele criou




Deus também comparece à essa festa

É o maior de todos os poetas

Como poderia Ele faltar

A pedido de toda essa gente

Deus está aqui sempre presente

Com São Roque a nos abençoar








E também lindíssima música



ALAMBARI LUZ 565



Alambari Luz 565

Casa da poesia

O dia-adia de Orestes Barbosa

A jaqueira frondosa, a varanda florida

O cenário perfeito

Do lirismo mais puro

Reunião de poetas e amigos do peito

Era um Café Nice em Paquetá

Com Alberto Ribeiro, Elizeth e Nássara

Pixinguinha e Bené

Jacó e seu bandolim, Américo Seixas e Silvio Caldas

Era "um chão de estrelas"

nessa ilha encantada






Tudo que a gente deseja na visa agora

É reviver as noites olorosas

E acender de novo os mesmos lampiões

Mil fantasias, sonhos, ilusões

Orestes, de onde estiver, tenha a certeza

Sua poesia jamais vai morrer

Enquanto houver sentimento, amor e emoção

Sua casa e varanda é nosso coração

Texto cedido por Fatima Silva




Paquetá; uma ilha, um bairro


Entre os poucos lugares do Rio de Janeiro onde a característica principal é, ou foi até bem pouco tempo, a tranqüilidade, um se destaca como um lugar fora do contexto, como se não fizesse mesmo, parte da cidade. Lá só podem circular charretes e bicicletas. As ruas não são asfaltadas para que se preserve o bucolismo do lugar. A maioria das casas tem quintais ou jardins e muitas ainda conservam a arquitetura colonial. Alguns desses jardins têm uma decoração tão primorosa que parecem querer compor um cenário ainda mais romântico em conjunto com os inúmeros flamboyants e praias ao redor. Sim, praias. Estou falando de um bairro, mas também de uma ilha, seu nome é Paquetá.

Com 1.219.659 m de extensão e distante da baía de Guanabara, 10 milhas marítimas, cerca de 20 km, a Ilha de Paquetá tem acesso através de barcas, catamarãs e aerobarcos regulares em uma deliciosa viagem que pode levar de uma hora a vinte minutos, partindo da Praça XV, centro do Rio de Janeiro. A denominação Paquetá tem duas origens prováveis, a primeira e mais aceita, seria uma referência a quantidade de pacas existentes na ilha, então PAC = paca + ETA= muitas. A segunda seria uma alusão à existência de muitas pedras ou conchas no bairro.

O aniversário de Paquetá é comemorado em 18 de Dezembro e sua descoberta antecede a fundação da cidade do Rio de Janeiro. Ela foi descoberta em 1555 por André Thevet, cosmógrafo da expedição de Villegaignon. Em 1565 Estácio de Sá, com a missão de colonizar as novas terras e a aliança dos índios Temiminós, venceu os franceses que ocupavam a cidade e a ilha foi doada a dois de seus colaboradores de em forma de sesmarias; a Inácio de Bulhões coube a parte norte hoje chamada de Campo onde se formou a Fazenda São Roque, com extensa área agrícola e de gado de corte. E a Fernão Valdez coube a parte sul, hoje conhecida como PONTE, por causa da ponte de atracação das barcas. Esse último loteou sua parte em chácaras e as vendeu o que possibilitou a rápida urbanização do local. A data das doações das sesmarias é anterior a expulsão dos franceses e mesmo a dos índios Tamoios, habitantes naturais da ilha antes das invasões, fato que só se deu em 1567. Não há, portanto uma data precisa do início da colonização da ilha.

Com a vinda da família Real para a cidade e as visitas constantes de D. João VI o bairro sofreu um impacto cultural e tomou impulso em seu crescimento, ganhando status de centro político da cidade. Vários nobres e personalidades importantes passaram a freqüentar ou mesmo morar na ilha. Em 1829, José Bonifácio, o patriarca da independência afastou-se da Corte por motivos políticos e exilou-se em Paquetá. A Praia que fica próxima a casa onde ele viveu em prisão domiciliar, chamava-se Praia da Guarda por causa dos guardas que o vigiavam, hoje se chama Praia José Bonifácio. Em 1838 começou o funcionamento regular das barcas que transportavam pessoas para a ilha.

Em 1843, Joaquim Manuel de Macedo, um carioca que exerceu, além de outras funções, a de preceptor dos filhos da Princesa Isabel, escreveu A Moreninha, um romance ambientado em Paquetá. A associação do romance com a ilha permanece até hoje para os visitantes e moradores do lugar. No bairro existe uma casa e uma praia que tem a alcunha da protagonista de Joaquim Manuel. Nos versos do hino da ilha, Luar de Paquetá, de autoria do Dr. Hermes Fontes com música de F. J. Freire Júnior, pode-se pintar uma imagem fiel da ilha e seus encantos irrefutáveis:



“Nessas noites olorosas,
quando o mar, desfeito em rosas
se desfolha a lua cheia,
lembra a Ilha um ninho oculto,
onde o Amor celebra, em culto,
todo encanto que a rodeia.
Nos canteiros ondulantes,
as Nereidas, incessantes,
abrem lírios ao luar...
A água, em prece, burburinha,
e, em redor da capelinha,
vai rezando o verbo amar.(...)”

Paquetá é um lugar de muitas lendas, mas a mais bonita delas conta sobre o escravo João Saudade que vinha todos os dias para a ponte na Praia da Guarda onde rogava a seus orixás para rever sua família que havia deixado na África. Um dia, dizem, uma luz azulada apareceu e o velho escravo desapareceu com ela em direção ao mar. Reza a lenda que foi ao encontro dos seus. A ponte existe e chama-se Ponte da Saudade.

Outro lugar especialmente agradável na ilha é o parque Darque de Mattos. Trata-se de um grande jardim ao redor do Morro da Cruz e era lá que os padres jesuítas, no século XVI, extraíam a matéria prima; o kaolin (espécie de argila branca) para esculpir seus santos. Do parque, desfrutam-se lindas vistas, como a das pedras agrupadas no meio do mar, uma lembrança difícil de apagar da memória. Há também lá, uma antiga chácara, de construção eclética, onde funcionou o Preventório Rainha Amélia, por volta de 1927, lugar então destinado aos filhos dos doentes de tuberculose e que hoje abriga crianças carentes em regime de semi-internato.

Somente em Paquetá existe um cemitério para os passarinhos e isso não é estranho em se tratando de um lugar onde a natureza ainda é abundante. Idealizado por Pedro Bruno e Augusto Silva, artistas do século XVII, ele tinha apenas os monumentos “O pássaro abatido” e o “Pouso do pássaro cansado”. Hoje os moradores da ilha realmente o usam para enterrar seus pássaros e cuidam da preservação do local. Por todo lado a ilha oferece belas paisagens e lindas praias. Estas são tranqüilas, perfeitas para crianças e namorados. Grandes pedras fazem o contraste perfeito com o mar e as árvores que abundam pelas ruas. Algumas se juntam harmoniosamente no mar, outras são solitárias e ficam ora sobre a areia ora parcialmente submersas pelas marés.

Em 1893 a Marinha de Guerra deflagrou um movimento chamado a Revolta da Armada. A ilha foi involuntariamente a base de operações para os revoltosos e ficou isolada da cidade por seis meses. Ao final disso, depois de muitas famílias afastadas da ilha e várias baixas, ainda restou aos habitantes da ilha punições sob o argumento de terem colaborado com a revolta. Hoje, passados mais de cem anos a ameaça mais temida é a favelização. Paquetá é um bairro da cidade do Rio de Janeiro, administrado pela subprefeitura do centro, e como vários outros, seus morros, todos considerados de reserva ambiental, vêm sendo invadidos de forma criminosa e a tranqüilidade das famílias nativas da ilha está seriamente ameaçada pela violência que veio pelo mar. Isso, infelizmente se deve ao descaso das autoridades e a falta de fiscalização efetiva.

Com uma estimativa de 7.000 habitantes fixos, esse número chega a 17.000 nos períodos de alta temporada. Nos domingos e feriados ir a Paquetá pode não significar tranqüilidade, com as barcas cheias e as praias fervilhando de pessoas, mas quem tiver a oportunidade de ir até a Ilha em um dia de semana terá gratas surpresas. Além das belezas naturais peculiares ao lugar, existe uma simpatia inerente aos moradores que acolhem o visitante como alguém realmente bem-vindo. Nada mais gostoso do que visitar a Ilha caminhando ou de bicicleta pelas suas ruas pavimentadas com saibro ou paralelepípedo, enquanto se escuta o barulhinho do mar, o canto dos passarinhos e vez ou outra os cascos dos cavalos que transitam por ali.

E no fim de tarde sentar sobre os bancos e muretas que ladeiam as praias e assistir ao por do sol até ficar tudo escuro no horizonte. A impressão que tenho de Paquetá é que ali o tempo não corre, ele vem e vai ao sabor das marolas enquanto nosso coração se acostuma e quer ficar pra sempre.

Outras crônicas da autora publicadas no Jornaleco

A História de Paquetá nos conta que a Ilha foi descoberta em 1555, por André Thevet, de uma expedição francesa comandada por Villegagnon, vindo ao Rio de Janeiro para fundar a França Antártica. A ilha era habitada pelos índios Tamoios que já a chamavam de PAQUETÁ que significava "lugar de conchas". Há uma outra versão de que a origem do nome Paquetá se deve à grande quantidade pacas existentes na ilha.

Em 18 de dezembro de 1556, o rei Francês reconheceu a descoberta da ilha e essa data ainda é considerada como aniversário da ilha bairro do Rio de Janeiro. Em 1565, com a fundação da cidade do Rio de Janeiro, os franceses foram expulsos.